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sexta-feira, 19 de junho de 2009

O tráfico ainda assusta

Goiânia tem um dos mais altos índices de homícidios de todo o país. Especialistas apontam influência do tráfico de drogas para o aumento das mortes


Lembro-me bem de ouvir falar que Goiânia era uma cidade menos tumultuada, com uma população mais educada e preocupada, que tinha interesse pelo bem-comum. Hoje ela está muito distante de sustentar essas características e mostra-se uma cidade bem diferente daquela que um dia foi. Os problemas sociais, a falta de estrutura de uma cidade construída para suportar metade da sua população atual, os crimes gerados pela violência, o trânsito caótico e, os tão comentados homicídios, que agora colocam Goiânia à frente de grandes metrópoles como São Paulo e Belo Horizonte, vem modificando, desordenadamente, esse quadro.


No final do ano passado, foram registrados, 398 homicídios na capital. E o mais curioso é que em 80% dos casos o motivo foi o tráfico de drogas. O assunto vem gerando bastante discussão pela mídia, que tem investido maciçamente na publicação de todos os crimes. Algumas autoridades, quando questionadas sobre o fato, apontam soluções ou sugerem caminhos a serem seguidos com o intuito de amenizar o número alarmante de mortes. O nível de homicídios considerado aceitável é de 10 para cada 100 mil habitantes. Goiânia está com 31,41 por 100 mil habitantes.


Que o assunto é complexo e exige uma solução cabível, ninguém tem dúvidas. Não basta só apontar idéias e não agir. O perfil populacional mudou bastante devido aos inúmeros problemas sociais e à grande desigualdade de renda que abrange toda capital e seus entornos. O crescimento de Goiânia não foi acompanhado pelo avanço das políticas públicas. Talvez aí mora o segredo que está sendo desvendado diariamente devido o grande número de assassinatos cometidos na cidade.


Não basta acusar a letalidade da polícia ou o fácil acesso a drogas e armas de fogo. Os caminhos mais simples, raramente são adotados. O desarmamento, por exemplo, poderia minimizar uma série de questões e, ainda assim, não é tratado da melhor forma. O tratamento dos presos dentro da cadeia não é o ideal. Muitos traficantes negociam assassinatos de dentro da cadeia. A vigilância é precária. E como se não bastassem, o número de pessoas envolvidas com drogas, principalmente jovens, não pára de aumentar. Mesmo tendo noção dos perigos que poderão enfrentar, muitos preferem arriscar. É preciso investimento em educação, tanto a que aprendemos na escola, quanto a que vem de casa.


E esse tipo de investimento requer muito mais que força de vontade e bons planejamentos e precisa ser realizado rapidamente. Não podemos mais esperar por uma solução. Precisa-se de processos efetivos nem que isso custe milhões, pois viver com dignidade é só mais um dos direitos de nós cidadãos.

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